1. Endividamento dos particulares (em % do rendimento disponível)

 A taxa de endividamento dos particulares voltou a aumentar em 2001. Em Dezembro de 2001, os saldos em dívida no crédito aos particulares representavam 96% do rendimento disponível, quando no final de 2000 essa percentagem era de 92%.

 

2. Grau de esforço

 O aumento da taxa de endividamento dos particulares, associado ao efeito desfasado da subida das taxas de juro em 2000 (os juros pagos pelos particulares representaram 6,2% do rendimento disponível em 2001, valor superior aos 5,2% em 2000 e 4,3% em 1999), fez com que o grau de esforço associado ao serviço da dívida (capital e juros) aumentasse novamente em 2001.

 

3. Crédito aos particulares

 O crescente endividamento dos particulares foi acompanhado pelo abrandamento no crescimento do crédito bancário aos particulares, mantendo-se a tendência iniciada em meados de 1999. A taxa de variação homóloga deste agregado foi de 10,4% em Dezembro de 2001, quando em Dezembro de 200 atingia os 21,2%.

Esta desacelaração no crescimento do crédito aos particulares representa um ajustamento natural das famílias face aos elevados níveis de endividamento atingidos e às perspectivas desfavoráveis quanto à evolução da actividade económica, em geral, e em relação ao desemprego, em especial. Neste contexto, aumenta a poupança por motivo de precaução: a taxa de poupança dos particulares foi de 10,8% em 2000 e 11,7% em 2001.

 

Nota: em 2000 a taxa de crescimento do rendimento disponível dos particulares em termos reais foi de 1,8%, valor significativamente inferior aos 4,5% verificados em 2000. Tal deve-se ao aumento da inflação e à descida em termos nominais das remunerações do trabalho.

 

O abrandamento no crescimento do crédito aos particulares atingiu os dois segmentos deste mercado, o crédito para outros fins que não a habitação e o crédito para habitação, que representam, respectivamente, 25% e 75% do crédito aos particulares.

 

3.1 Crédito para outros fins

 A taxa de variação homóloga neste segmento do crédito bancário aos particulares diminuiu de 24,1% em Dezembro de 2000 para 2,8% em Dezembro de 2001.

A desacelaração no crédito para outros fins é o resultado do comportamento das famílias à anunciada alteração da fiscalidade automóvel com efeitos a partir do início de 2001 e do abrandamento significativo no recurso a este tipo de crédito durante os últimos meses de 2001.

 

3.2 Crédito à habitação

 A taxa de variação homóloga no crédito bancário à habitação diminuiu de 20,3% em Dezembro de 2000 para 13,1% em Dezembro de 2001.

A desacelaração no crédito à habitação verificou-se num contexto de melhoria nas condições de acesso ao mercado de crédito para este fim ao longo do ano de 2001:

-          descida das taxas de juro do crédito à habitação (em Dez. de 2001 a taxa de juro para prazos superiores a 5 anos era de 5,0%, menos 1,9 p.p. relativamente a Dez. de 2000 e igual a Dez. de 1999);

-          redução do ritmo de crescimento dos preços no mercado da habitação (6,5% em Dez. de 2000 para 1,5% em Dez. de 2001);

 

4. Rácio de incumprimento

 O rácio de incumprimento do crédito bancário a particulares foi de 2% em Dezembro de 2001, ou seja, aumentou 0,2 p.p face a Dezembro de 2000.

Foi no segmento do crédito para outros fins que se registrou a evolução mais desfavorável deste indicador, de 4,0% em Dez. de 2000 para 4,4% em Dez. de 2001.

No crédito à habitação, o rácio de incumprimento aumentou 0,1 p.p., de 1,1% em Dez. de 2000 para 1,2% em Dez. de 2001.

 

Banco de Portugal/ Relatório Anual de 2001/ Sistema Bancário